quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

BEIJO


                                                     Foto: V.S - jardim - 2014


' Beijara-a com delicadeza de quem assopra uma vela, 
           não para apagá-la, mas para brincar com suas formas, 
                    deslocá-la do centro e provocar faíscas '.


Valesca Santos 
Fragmentos de um manuscrito - ano 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A ARTE DE ESCREVER COM EMOÇÃO

  Escrever ou representar por meio da escrita é a arte de 
compor em prosa e verso, obras de agregado social em dada linguagem ou referidas a determinado assunto.

  Literatura é: infantil, científica, de propaganda ou publicitária, de cordel e popular, real e fictícia. Sua mais bela forma surge através do livro: uma publicação periódica que reúne em páginas impressas, ideias de livres pensadores. 

  Ser livre é poder exercer o livre-arbítrio em busca de sua realização como ser humano. Realizar é tornar algo real ou efetivo. É fazer acontecer. É planejar e desenvolver e, depois de concluído, entregá-lo ao mundo.

  Assim é, para mim, escrever.

  Aos 13 de março do ano de 2012, escrevi a primeira frase da história de um grande amor : ALMAS DILACERADAS. Através da escrita do manuscrito, trilhei um longo e muitas vezes angustiante caminho, oscilante entre o outono e o inverno, sem ter certeza de que a primavera viria.

  Experimentei a dor e a solidão de uma criança, a tortura e a ausência do amor e a presença opressora do mal, mas resisti, junto à Ava e Yan e senti, na própria pele, as cicatrizes desenhadas cruelmente na pele de Ava. Mas renovei minha fé em Deus e na força do bem, ao juntar as mãos em prece e rezar através da voz e da mente de Padre Solano.

  Admirei a beleza dos lobos-guarás, persegui os sapos na beira do riacho, senti a lama grudar nos pés ao correr e brincar ao lado de Sabujo. Alegrei-me, ao vento frio do inverno gaúcho ao montar Fuego, através de Yan e experimentei a força e a intensidade de um cavalo crioulo campeão.

  Foram muitas as experiências vividas na ponta da caneta, nas sucessivas linhas do caderno e na pele das personagens, mas não tenho dúvidas que, dentre todas, a que ficou marcada foi o perdão, pois somente um coração livre de todo o ódio e rancor é capaz de encontrar e entender o verdadeiro sentido do amor. Esse sentimento que nos invade e nos torna seres humanos preenchidos da mais pura essência: a emoção, a poesia da vida.

  Escrever é uma grande viagem sem destino, uma porta secreta ou uma janela emperrada, as quais você tem de descobrir como abrir, pois somente assim saberá o que há do outro lado. Escrever é plantar uma semente desconhecida no jardim do mundo e a partir de então, esperar pacientemente que o primeiro broto desponte e revele sua beleza.

  ALMAS DILACERADAS não apenas brotou de mim, mas abriu caminhos na minha própria alma, me transformou e revelou partes de mim que não imaginava existir.

  Ao escrever, penso, temos duas opções: manter as palavras reclusas nas suas gavetas internas e jamais dividi-las com ninguém além de si mesmo ou expô-las e, a partir de então, aceitar o que virá. Mas seja qual for a decisão, sempre será uma odisseia única e particular.

  Antonio Lobo Antunes, aclamado e premiado escritor de Portugal, disse:

"Cada leitor irá abrir o livro com sua própria chave que nada mais é do que sua própria experiência de vida, portanto, o verdadeiro escritor do livro é aquele que o lê".


  Manoel de Barros, nosso grande poeta brasileiro, afirmava: "Só dez por cento é mentira" - ao referir-se à sua maneira de escrever.

  Creio que há muitas formas de se contar uma história e assim como eu, muitos antes de mim seguiram pelo mesmo caminho. Um caminho que jamais deixará de existir.

    Valesca Santos
     Escritora


www.facebook,com/almasdilaceradas
www.facebook.com/pages/Valesca-Santos