sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
SUTILMENTE SÓ
Amarras
amores de uma vida
choro
vidas repartidas
braços solitários
abraços
imaginários
silêncio
lágrimas em vão
fotografias rasgadas
sonhos
e minha solidão
VOANDO NOS SONHOS
E o menino fechou os olhos
e estendeu a mão para seu amigo.
O dragão segurou-a firme e subiram
no livro.
Foi assim que a história começou.
e estendeu a mão para seu amigo.
O dragão segurou-a firme e subiram
no livro.
Foi assim que a história começou.
REFLEXO DO CÉU
E, por entre as árvores, ela vislumbrou as águas;
nelas, o reflexo do entardecer, quando os
olhos do céu fecham-se para adormecer...
Foto: Alício Assunção
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
ROMPER DA ESCURIDÃO
Outubro
é meu coração
quando teu temperamento
tempestuoso,
arrasta-me para o verão
Novembro
expande minha alma
quando
em tua boca
o sol arde
Interrompe-me
como luz
como farol
rompe
a escuridão
Outubro
conto as horas
como as ondas
embalam as pedras
sem nunca cansar
Outubro
quero ficar
ter tuas águas
me afogar
a cada vez que a maré exaltar
Outubro
Puerto rico,
destino
dos meus sorrisos
anseiam por teu lascivo
Outubro
mês por mês
espero-te
contando as horas
em fases, da lua
Outubro
espartano sofrimento
leva-me para aquele momento
que o sol cede
e a lua, nada impede
Outubro
chuva e alívio
de meus excessos
Outubro
sem recessos
de amores, possessos
é meu coração
quando teu temperamento
tempestuoso,
arrasta-me para o verão
Novembro
expande minha alma
quando
em tua boca
o sol arde
Interrompe-me
como luz
como farol
rompe
a escuridão
Outubro
conto as horas
como as ondas
embalam as pedras
sem nunca cansar
Outubro
quero ficar
ter tuas águas
me afogar
a cada vez que a maré exaltar
Outubro
Puerto rico,
destino
dos meus sorrisos
anseiam por teu lascivo
Outubro
mês por mês
espero-te
contando as horas
em fases, da lua
Outubro
espartano sofrimento
leva-me para aquele momento
que o sol cede
e a lua, nada impede
Outubro
chuva e alívio
de meus excessos
Outubro
sem recessos
de amores, possessos
domingo, 26 de janeiro de 2014
FUGA DO TEU OLHAR
Fujo
desgovernada
dos teus olhos sombrios
riem
água que voa
decepa
a virgem mente
olhos de algoz
sentem o cheiro
do medo
de mim
fujo
sem rumo
fujo
sem luz
apenas som
e suores
esquivo
escondo
giro sobre meus pés
a poeira me leva
sou pó
sinto-me só
fujo
mas quero ficar
e em tuas asas
voar
desgovernada
dos teus olhos sombrios
riem
água que voa
decepa
a virgem mente
olhos de algoz
sentem o cheiro
do medo
de mim
fujo
sem rumo
fujo
sem luz
apenas som
e suores
esquivo
escondo
giro sobre meus pés
a poeira me leva
sou pó
sinto-me só
fujo
mas quero ficar
e em tuas asas
voar
LÓTUS
Plumas flutuam
rodopios na névoa
dança das águas
sons de sereias
mantras antigos
civilizações escassas
espíritos sem corpos
preces e pedidos
voam corações
lua em flor
sol sem cor
tilintar de bambus
gotas no telhado
pétalas fechadas
da lótus em botão
transmutar do ser
da vida e do vão
encontra o sentido
caminho da transformação
rodopios na névoa
dança das águas
sons de sereias
mantras antigos
civilizações escassas
espíritos sem corpos
preces e pedidos
voam corações
lua em flor
sol sem cor
tilintar de bambus
gotas no telhado
pétalas fechadas
da lótus em botão
transmutar do ser
da vida e do vão
encontra o sentido
caminho da transformação
sábado, 25 de janeiro de 2014
COMO UVAS
Seduz-me
como as uvas maduras
arrancadas do cacho
desprendem o sumo
mastigadas, o sabor
Amasso teus lábios
rosados,
desenhados com meu fervor
atiçados em pecado
Não te dou chance de defesa
e, como que sobremesa
devoro-te
em meus secretos sonhos
Na tua pele alva
meu suor escorre
como orvalho no grão
esmagado sem perdão
Declino na nuca
desenho o chão
onde rola meu grão
e alcanço as suaves montanhas
Macia e da cor da lua
teus cabelos longos
da cor do melado
cheiram a doce queimado
Cobrem tua nudez
para que meus olhos não tenham vez
sofro, em minha altivez
com um cio siamês
Seduz-me
sem nada dizer
inebria-me, ainda uva
devoro-te, em cachos
sem nunca saciar-me
Teu sumo me amolenga
teu calor me derrete
lambuza-me com doçura
e torno-me o barril
Da minha casca
solto a acidez
que em ti, madurez
e juntos, bebemos o vinho
que de nós se fez
como as uvas maduras
arrancadas do cacho
desprendem o sumo
mastigadas, o sabor
Amasso teus lábios
rosados,
desenhados com meu fervor
atiçados em pecado
Não te dou chance de defesa
e, como que sobremesa
devoro-te
em meus secretos sonhos
Na tua pele alva
meu suor escorre
como orvalho no grão
esmagado sem perdão
Declino na nuca
desenho o chão
onde rola meu grão
e alcanço as suaves montanhas
Macia e da cor da lua
teus cabelos longos
da cor do melado
cheiram a doce queimado
Cobrem tua nudez
para que meus olhos não tenham vez
sofro, em minha altivez
com um cio siamês
Seduz-me
sem nada dizer
inebria-me, ainda uva
devoro-te, em cachos
sem nunca saciar-me
Teu sumo me amolenga
teu calor me derrete
lambuza-me com doçura
e torno-me o barril
Da minha casca
solto a acidez
que em ti, madurez
e juntos, bebemos o vinho
que de nós se fez
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
QUERIA
Queria
descrever-te em palavras
queria
desenhar-te à perfeição dos meus sonhos
queria
sussurrar-te, ao som de harpas
queria
flutuar em ti como nuvens no céu
mas tenho-te, apenas,
em meu amargurado coração
sem palavras doces
do formas toscas
com sons de lamentos
com tempestades gris
queria
querer-te
queria
tocar o arco-íris, e prendê-lo
como prendo teu amor
queria
beber-te
como quem bebe água chuva
queria
penetrar nos teus sonhos
e sufocar-te
como tu me sufocas a alma
FERRUGEM DO TEMPO
A chave
tranca e solta
a fechadura
obedece
a chave perde-se
a fechadura
se esquece
passa o tempo
vem o reencontro
porém,
a chave não serve
renegou-a a fechadura
que magoada
enferrujou-se
e pelo tempo
apaixonou-se
O CARVALHO E A ORQUÍDEA
Afogo
sem água
sufoco
ao vento
estremeço
ao fogo
abraço-te, e sinto
és tão pequena
cabe toda dentro de meu peito
meus lábios
tem pressa, pelos teus
meus olhos procuram
teu fervor de vinho doce
és pérola
suave e macia
e minhas mãos agracias
tosco, como tronco
sou o carvalho
e tu, a orquídea
leva-me ao céu
no inverno das manhãs
traz-me o sol
nas noite sem estrelas
e apesar de pequena,
tem a força da maré
que estoura e molda rochedos
afogo
em teus braços
sufoco
em teus lábios
e quando acaba
ainda assim,
quero-te
sem fim
DE TI, SEM MIM
Ata-me
com teus fios
enrosca-me
com teus brios
tece-me
com teus dedos
e umedece-me
com teus lábios
levo tuas essências
teu sabor alcalino
de ti, para outra
melhor seria
queimar ao fogo
do que ser o fogo teu
que apaga o meu
nas mãos d'outra
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
FLOR AO VENTO
E o vento sussurrou às flores
que elas deveriam se calar
para que apenas ele pudesse cantar
os anjos desceram do céu
e prenderam o vento num pote
seria o seu castigo
nunca mais poder beijar as flores
arrependido
por não ter mais seus amores
ele pediu clemência
os anjos, bondosos, o libertaram
mas com a condição
de que jamais,
jamais deveria querer ser mais do que era
liberto,
ele deitou sobre a s flores
libertando suas vozes
ao tempo
ESPERA
Sentei-me ali
a esperá-lo
o perfume das flores
permeia o ar
borboletas dançam
de lá para cá
e eu
continuo a esperar
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
SABOR ROUBADO
Preparei um chá
com pétalas de hortênsias
brancas e rosas
e algumas, amarelas
despejei água
sem piedade, sobre elas
queimei-as,
pobre pétalas
Odeiam-me agora,
mesmo que ainda em cor
porque delas
roubei seu sabor
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
FALHAS
Um som
um suspiro ao vento
um arrepio
um lamento
Onde estás?
meu alento
porque tanto sofrimento
em honra ao tormento?
Segura minhas mãos
Vês? estão frias
gelado, é teu coração
que não tem estrias
É liso e oco
sem reboco
nada prende
tudo esfria
Toca meus lábios
talvez assim
sinta meu ardor
és vazio, meu amor
Terás que aprender
antes que seja tarde
a vida passa
e talvez acabe
O que terias então
senão, apenas solidão?
melhor vir comigo
e ter um abrigo
Ao meu lado
o vento sopra
o som uiva
o gelo derrete
Toma minha mão
bebe dos meus lábios
escuta meu coração
e te aquece, em meu abraço
sábado, 18 de janeiro de 2014
AMARGOR DE AMOR, para Narciso
Da janela
vi teu último olhar
em meu coração
acabou-se o mar
Da janela
não ouviste meu lamento
que de mim
explode como bomba
Venha, volte!
imploro
Não vê minhas lágrimas?
Sangro
fel de amargor
que dilacera meus olhos
Ficaram cegos
sem tua luz
Tento abrir a janela
e a explosão é mais forte
o vidro estoura
O som de minha voz
voa para fora
embalado pelo vento
Mas perde-se na escuridão
quando o uivo da tua dor
o afugenta
Olho,
procuro,
nada encontro
A escuridão cede
e o sol se ergue
Nada encontro
além de mim
Sou quem roubou-te o riso
flutuo,
no avesso do paraíso
Negror
que para longe quer te levar
Minha alma arrebenta-se
contra as rochas
do mar de cinzas
que me sufoca
Ergo-me delas
grito, a plenos pulmões
Narciso!
A bomba te alcança
e do buraco da janela
vejo teu sorriso
é quando volto a sonhar
com o avesso do paraíso
vi teu último olhar
em meu coração
acabou-se o mar
Da janela
não ouviste meu lamento
que de mim
explode como bomba
Venha, volte!
imploro
Não vê minhas lágrimas?
Sangro
fel de amargor
que dilacera meus olhos
Ficaram cegos
sem tua luz
Tento abrir a janela
e a explosão é mais forte
o vidro estoura
O som de minha voz
voa para fora
embalado pelo vento
Mas perde-se na escuridão
quando o uivo da tua dor
o afugenta
Olho,
procuro,
nada encontro
A escuridão cede
e o sol se ergue
Nada encontro
além de mim
Sou quem roubou-te o riso
flutuo,
no avesso do paraíso
Negror
que para longe quer te levar
Minha alma arrebenta-se
contra as rochas
do mar de cinzas
que me sufoca
Ergo-me delas
grito, a plenos pulmões
Narciso!
A bomba te alcança
e do buraco da janela
vejo teu sorriso
é quando volto a sonhar
com o avesso do paraíso
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
CONFUSÃO
As coisas
se fundem
e se confundem
Quem sou eu?
Quem és tu?
Sequências imiscíveis
Essências incompatíveis
Confusão,
dizem, é amor
SEGREDOS
Toco as teclas
e desvendo teus segredos
nas palavras gravadas
sussurradas pelos dedos
Tenho eu, meus segredos
guardados a sete chaves
porém, basta um beijo teu
e todas elas se abrem
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
RESTRITO INFINITO
O que é o infinito
para um poeta indefinido?
O não dito
torna-se finito
quando escrito
O poeta
vê o trem partir
levando consigo
seu restrito infinito
descrito em negrito
Mais feliz é o músico
que é apenas ouvido
eu, pobre poeta
sofro arrependido
de ter revelado
meu secreto infinito
SONHOS POÉTICOS
Poetar
é por os pés no mar
e sonhos inventar
caminhos trilhar
Poetar é um não estar
um desapegar
da palavra
do som
do significado
do sentimento
Poetar
é deixar partir
é odiar
por ser esquecido
na gaveta do embutido
Poetar
é não pensar
Poetar
é apenas
sentir
PALAVRAS E INFRUTESCÊNCIAS
De mim se apodera
faz-me flor
figueira e dor
Dissemina em mim
suas infrutescências
e também, suas carências
Salpica suas sementes
e seus perfumes
mel, fel, amor e ciúmes
Separa-me em gomos
extrai meu sumo
mistura em resumos
Não sou o poeta nem a poetiza
sou apenas a palavra
que tua mão eterniza
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
ROSAS
A chuva trouxe consigo
o perfume dela
gotículas esfumaçadas
tocam meu rosto
quando ergo-o para o céu
e vislumbro o sol, a sorrir
É quente
verão escaldante
que a chuva acalma,
mas meu coração ainda queima
e espera por ela
Seu perfume fora semeado em mim
por seus lábios macios
e rosas brotam de minha boca
quando digo seu nome
Sonho
em beijá-la mais uma vez
tê-la
em meus braços
até o dia nascer
Por hora, apenas a espero
agarrado à sua lembrança
com cheiro de rosas...
"Son parfun a éte semé en mai par ses lévres douces... et les roses der printemps de ma bouche quand jê dis ton nom..."
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
INVERNO GRIS
Veio o outono
com seus dourados
as folhas secas
ocre estavam
Mas nos teus olhos
encontrei calor
como o vento
que procura a flor
Gris
meu inverno chegou
e o outono sufocou
fiquei com a folha
seca, ocre
Uma lembrança
de que antes
antes do frio
da neve
e do adeus
houve uma primavera
Estações vem e vão
como nosso amor
igual a chuva de verão
molha o chão quente
e evapora em névoas
como semente
que luta contra a força da terra
para germinar
E eu,
luto contra o medo
que de mim,
quer te levar
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
ENTRE MIM
Há algo entre mim
entre xícaras, flores e livros
como um zum zum de abelhas
um ronronar de gato
uma arranhar, ferino
nada brando
nada feroz
mas tudo intenso
Há algo em mim
que te repele, fere
há algo em mim
que te faz continuar ao meu lado
arranhado
esfolado
amassado e
picado
há algo em mim
entre minhas páginas
e lágrimas
que te preenche
SONHE
Sonhe,
e sonhe de novo
até sua mente enevoar-se
sonhe,
em todas as cores
até na ausência do que sonhar
Sonhos
são momentos mágicos
que na mente,
encontram um campo fértil
sonhe,
sonhe acordado
até cair sentado e, talvez
debaixo da pedra
encontrar o germinar do sonho
Enquanto sonhar
a vida irá te acompanhar
como ramos de hera,
de glicínias,
de mãos de névoa
como a gota que rola sobre a folha
apenas para provar que se sustenta
Sonhe,
como a criança
sem elos, com este ou aquele mundo
sonhe como os gatos
vibre!
Sonhe,
como se a vida fosse um livro
um violino
um pincel
um palco
Sonhe
e descubra sua luz,
sua força
Ela está nas sementes que você carrega
dentro do seu coração
domingo, 12 de janeiro de 2014
SONHOS
Ali, depois da curva
está o sonho
ele brilha, em fagulhas douradas...
Corra! Ele costuma esconder-se, tímido
por detrás do muro verde
que se estende até as terras sem fim...
Poucos o alcançam antes disso
Há de se ter coragem ousadia e loucura,
muito mais do que tática, teoria ou brandura...
Corra!
Abra os braços e grite: Ei! Não vá!
E talvez, assim,
o sonho o acolha
e juntos,
se tornarão o sol
PALAVRAS NO SILÊNCIO
Mil destinos para descobrir
no silêncio do ser
mil vidas para amar
no silêncio do estar
uma palavra
que vale por mil
vinda de longe
de mil formas recebida
em apenas um coração
que bom é ter você
um entre mil
do outro lado do mundo
preso ao meu coração
CARTA DE AMOR
Palavras escritas com lágrimas
hera que recobre paredes
chá de rosas
num jardim de pedras
Frutas doces
saboreadas nos teus lábios
livro aberto
esquecido ao relento
Sorriso torto
olhar anil
mistérios sem cofre
portas para o céu
Borboletas de veludo
chuva sob o sol
caminhos nunca percorridos
néctar que flui
Pássaro que voa livre
árvores que se abraçam
raízes que perfuram
brotos que despontam
Flores que explodem
vida em cor
perfume que inebria
mão que acaricia
Cheiro de jasmim
musgo macio
espelho sem reflexo
folhas sem orvalho
Taça de pétalas
mel de abelhas
flor de laranjeira
espinhos de amor
sábado, 11 de janeiro de 2014
APENAS UM
Fecho meus olhos
e sinto o fio dos sussurros
deslizando sobre minha pele
Abro-os, e vejo cores sem fim
que resplandecem da aurora dos teus olhos
E dos meus, flui amor líquido
que escorre para a fenda da vida
Abro-os e chamo por ti
e logo mergulho na plenitude do teu ser
conduzida por teus lábios
e voo na suavidade das nuvens
embalada por teus braços protetores
Sonho na realidade e vejo na escuridão
Canto em cores
e respiro o céu
Fecho novamente meus olhos
e vislumbro a luz
translúcida essência
transformando-se em um único ser quando,
enfim,
nosso amor desabrocha
tocado pelos primeiros raios de sol
E tudo em nós é som, cor e sabor
no amor, para sempre,
somos apenas um...
Publicado no Caderno Literário Pragmatha - edição 43
Ebook Maturidade Editora Pragmatha
e sinto o fio dos sussurros
deslizando sobre minha pele
Abro-os, e vejo cores sem fim
que resplandecem da aurora dos teus olhos
E dos meus, flui amor líquido
que escorre para a fenda da vida
Abro-os e chamo por ti
e logo mergulho na plenitude do teu ser
conduzida por teus lábios
e voo na suavidade das nuvens
embalada por teus braços protetores
Sonho na realidade e vejo na escuridão
Canto em cores
e respiro o céu
Fecho novamente meus olhos
e vislumbro a luz
translúcida essência
transformando-se em um único ser quando,
enfim,
nosso amor desabrocha
tocado pelos primeiros raios de sol
E tudo em nós é som, cor e sabor
no amor, para sempre,
somos apenas um...
Publicado no Caderno Literário Pragmatha - edição 43
Ebook Maturidade Editora Pragmatha
UM DIA QUALQUER
Um dia qualquer
escuto o vento, intocável
dança em meio às flores
mistura suas cores
rouba-lhes o pólen
um dia qualquer
o vento levou-te
naquela carta escrita
às pressas
avesso às palavras não ditas
um dia qualquer
o vento levou-te
e o amor, ficou esquecido
num diário escondido
um dia qualquer
o vento revelou suas páginas
o segredo em símbolos esferográficos
leu-te
leu-me
e bagunçou nossas flores
tocou o intocável
misturou as cores
roubou nossas distâncias
um dia qualquer
o vento lançou o pólen
salpicou nossos estigmas
a esmo
a termo
um dia qualquer
o vento
soprou, polinizou
um dia qualquer
o vento construiu pontes
invisíveis
um dia qualquer
o vento
amou
Publicado no Caderno Literário Pragmatha - edição 52
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
AMAR É ODIAR
Sim,
eu te amo
assim como
te odeio
duas partes de mim
imiscíveis
porém
inseparáveis
Dou-te minha polpa
tenra e macia
e tu,
se faz casca
áspera e dura
Quero ir, sem ti
queres que eu fique
apenas para teu capricho
Engana-te,
se pensas que me prende
Sem polpa
o fruto torna-se seco
sem cor
sem sabor
Por isso te odeio
minha polpa, sem tua casca
apodreceria
Melhor então
te amar um pouco
juntos, sei bem,
semeamos vida
A TE ESPERAR
Ali
na borda da escada
sentei-me a te esperar
Abri o diário
e nele escrevi
teu som
tua cor
teu cheiro
e teu riso
Ocultei tuas lágrimas,
guardei-as apenas para mim
no frasco do meu coração
Para ti,
dou apenas a essência diluída
amor
paixão
e doces ilusões
Ainda te espero
sob o sol
e o luar,
na companhia das lavandas
TILINTAR DA CHUVA
Salpiquei o chão
com doces beijos brandos
borrei o céu com minhas lágrimas
perfumei o ar com meu sorriso
exaltei em cores
abri-me em raios dourados
e ocultei-me em luas
então tu vieste
e meu coração voltou a bater
no tilintar da chuva
TOCAR
Meus dedos tocam as teclas do piano
É como tocar seu cabelos,
prateados
A elevação das notas,
agonia em som
São meus sussurros ao te imaginar
Um tom
Anoto tudo,
toque, som, sofrimento
Em um papel cor de rosas,
tua cor, ao meu sabor
Mas tenho medo de selar a carta
e enclausurar nosso amor,
assim como tenho medo de parar a melodia
e não ouvir mais a tua voz,
não sentir mais a tua pele
Seda sobre aço,
dos meus abraços
Toco mais fundo
mais forte
mais frênico
e o som atinge o céu
destrói a lua
e entristece o sol
sem brilho, ele chora
chuva de rosas
sobre meu corpo
sobre o teu
Silencioso
o piano,
ninguém esqueceu
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
MEU AMOR POR ELA
Saltito sobre minhas patas
O coração pulsa na cauda
Meus pelos se eriçam
Em meu nariz, um mundo habita
Fico parado em frente a porta
Igual ao cara lá do jardim
Espero. Procuro vê-la
Não vejo a hora de lambê-la!
O carro estaciona
Ela salta
Eu fico mudo
Ela grita!
Eu pulo!
Ela me beija
Eu a lambo
Ela ri
Eu lato
Minha cauda agita
Ela saltita
Eu sorrio
Ela me abraça
Nessa hora
Não quero ter patas
Queria ter mãos
Iguais as dela, que afagam meu coração
Publicado no Caderno Literário Pragmatha - edição 45
Homenagem aos animais de estimação - ao meu Marley
O coração pulsa na cauda
Meus pelos se eriçam
Em meu nariz, um mundo habita
Fico parado em frente a porta
Igual ao cara lá do jardim
Espero. Procuro vê-la
Não vejo a hora de lambê-la!
O carro estaciona
Ela salta
Eu fico mudo
Ela grita!
Eu pulo!
Ela me beija
Eu a lambo
Ela ri
Eu lato
Minha cauda agita
Ela saltita
Eu sorrio
Ela me abraça
Nessa hora
Não quero ter patas
Queria ter mãos
Iguais as dela, que afagam meu coração
Publicado no Caderno Literário Pragmatha - edição 45
Homenagem aos animais de estimação - ao meu Marley
FELINO LAÇO
Adornei-o,
para meu bel prazer
E ele?
desprezou-me, sem piedade
miou
e enrugou o focinho,
entediado
Foi tirar o laço
que iniciou-se o ronronado
Ah! Que faria eu
sem teus humores felinos...
para meu bel prazer
E ele?
desprezou-me, sem piedade
miou
e enrugou o focinho,
entediado
Foi tirar o laço
que iniciou-se o ronronado
Ah! Que faria eu
sem teus humores felinos...
LÁGRIMA SILENCIOSA
O tempo
amarelou o papel
que amorosamente,
enviaste a mim
neles, teus desejos
em forma de poesia
Minhas lágrimas
borram a tinta
tuas mãos
não tocam mais as minhas
teus lábios,
silenciaram-se
até mesmo teu rosto
se apaga
nas fotos em preto e branco
Só o que não se esvai
é a dor
por não estar contigo
amarelou o papel
que amorosamente,
enviaste a mim
neles, teus desejos
em forma de poesia
Minhas lágrimas
borram a tinta
tuas mãos
não tocam mais as minhas
teus lábios,
silenciaram-se
até mesmo teu rosto
se apaga
nas fotos em preto e branco
Só o que não se esvai
é a dor
por não estar contigo
MULHER DE RENDA
Vesti-me em rendas
apenas para ti
esperei,
sob os raios do sol
e as luzes da lua
apenas para te dar o melhor de mim,
mas hoje
não te espero mais
Rasguei as rendas da submissão
apaguei as luzes da ilusão
e segui,
apenas em minha doce companhia
apenas para ti
esperei,
sob os raios do sol
e as luzes da lua
apenas para te dar o melhor de mim,
mas hoje
não te espero mais
Rasguei as rendas da submissão
apaguei as luzes da ilusão
e segui,
apenas em minha doce companhia
MELODIA
Partituras de mim
rosas carmim
rendas desfiadas
folhas rasgadas
partituras esquecidas
no fundo da gaveta
melodia secreta
da alma perdida
rosas carmim
rendas desfiadas
folhas rasgadas
partituras esquecidas
no fundo da gaveta
melodia secreta
da alma perdida
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
LANÇAMENTO LIVRO
Lançamento livro:
CONTOS DE SOM E SILÊNCIO - Histórias inspiradas em letras de músicas - wwlivros
Aconteceu dia 09/11/2013 no FAROL - Observatório de Arte em Porto Alegre - RS
Livro coletivo no qual participei ao lado de mais onze escritores brasileiros, com o conto 'DEU PRA TI" , inspirado na canção "Deu pra ti" dos compositores brasileiros Kleiton e Kledir Ramil.
"O ingresso entre as mãos era a prova
de que tudo havia sido real. Ele fizera
mesmo aquilo, ela pensou, dobrando
e enfiando com cuidado o papel,
já um pouco amassado e rasgado,
no bolso de trás da calça jeans.
Ergueu os olhos a tempo de vê-lo
aproximar-se sorrindo."
POTE DE PÉTALAS
Hoje comprei um pote
guardei nele o amor em pétalas
É pesado demais
para ser carregado por inteiro
É denso demais
para engolir de uma só vez
Assim, em pétalas
posso dosar o impacto
Porém, não saberei
em qual delas ficou teu coração
Devo então
tomar com cuidado
E não deixar o pote destapado
há corações que voam...
guardei nele o amor em pétalas
É pesado demais
para ser carregado por inteiro
É denso demais
para engolir de uma só vez
Assim, em pétalas
posso dosar o impacto
Porém, não saberei
em qual delas ficou teu coração
Devo então
tomar com cuidado
E não deixar o pote destapado
há corações que voam...
FLOR DE LARANJEIRA
No meio do laranjal
tendo as abelhas como testemunhas
ele a beijou
e o céu, abriu-se
sinos tilintaram
e seus vulcões internos
eclodiram com força
tendo as abelhas como testemunhas
ele a beijou
e o céu, abriu-se
sinos tilintaram
e seus vulcões internos
eclodiram com força
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
AMOR DE PAPEL
A brisa
suavizava as lágrimas ardentes
o sol aquecia as mãos trêmulas e frias
e o balanço da rede envolvia seu corpo
numa dança de amor
Jamais veria seu rosto
jamais o teria em seus braços
jamais sentiria o sabor de seus lábios
Ele não existia em seu mundo
naquele instante
ela desejou ser como ele
feito de palavras e tinta
suavizava as lágrimas ardentes
o sol aquecia as mãos trêmulas e frias
e o balanço da rede envolvia seu corpo
numa dança de amor
Jamais veria seu rosto
jamais o teria em seus braços
jamais sentiria o sabor de seus lábios
Ele não existia em seu mundo
naquele instante
ela desejou ser como ele
feito de palavras e tinta
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