Foto: Valesca Pederiva - maio/2014
A presença é incômoda. Um bosque de anfetaminas. Ela desbasta a pureza e semeia
seus efeitos.
Estou prisioneira e da janela de minha sela, busco a luz crua, onde os vaga-lumes zanzam.
Estou estrangeira, sem fé e sem pátria. Filha da incômoda presença às minhas costas
envergadas.
Na minha sela, ângulos sem forma. Transpasso o vidro da garrafa vazia, fumaça soprada de meus
lábios.
Minha mente atormentada assume culpas e julga, sem tropeçar.
Mato-a. Jogo-na ao caixão e bato os pregos. Não quatro, mas seis.
Lacres rompidos, cheiro escorrido. Muito depressa a mente se esgota. Restou-me o físico.
Diante do espelho, olhos se afastam do reflexo. Vejo os pregos. Não quatro, mas seis.
Lacra-se a morte, mas não sua eficácia.
Se a morte, feminina for, é mãe como a terra: engole a semente e despeja flor, mas
se sexo não tiver e ambígua for, muda seu teor.
Excesso de desespero. Assusto-me. Desprezo o "não possível", e o tempo, perdido.
Totalmente despedaçada, ergo meus olhos, espinhos, para a luz na janela.
Na sela, zanzo. Espero por ela.